quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Abro a gaveta do tempo e, em um cartão de memória esquecido bem ao fundo, encontro meus sonhos, ideais e planos. Anos a vislumbrar a vida segundo minha vontade, determinando o fluxo que teriam meus dias, mas qual... Minha mente pueril e travessa, contrária ao meu corpo maduro, envelheceu. Juras que fiz, não pude cumprir, programas foram cancelados e o que não pretendi jamais, tive que fazer. Dos papéis e letras passei aos curativos, dos saraus ao acompanhamento e cuidados com meu pai, irmão durante o período de doença.Onde vi apoio e força só restou fragilidade e dependência. Amarguei lutos, abandonei fantasias e alimeitei-me da realidade. Preocupações fúteis deram lugar ao fazer diário.Permiti-me sofrer e aquietar-me, mas não perdi, neem perco oportunidades boas para sorrir, cantar e comemorar com os que amo. Se ainda tenho sonhos? Claro que sim, sou poeta, ainda que a poesia me falte muitas vezes. Sonhos e projetos que sei podem se efetivar ou não e, independente dos fatos tenho que seguir em frente, de cabeça erguida e atenta aos designos de Deus.. Não reclamo, nem me rebelo, apenas constato tais fatos e compreendo que Deus tem caminhos, segundo seus perfeitos propósitos e estes, muitas vezes, trazem consigo surpresas e mudanças extremas na direção contrária à desejada.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Boa tarde, a todos! Há um bom tempo não relato nada nem neste ou outros que blogs e páginas que administro. Não raro deixo de fazê-lo em razão dos naturais períodos de apatia, comuns a pacientes com Transtorno Afetivo Bipolar. No momento, entretanto, minha apatia não é falta ou mudança de medicação, mas em decorrência da doença e morte de meu irmão, amigo, orientador profissional e tantas outras coisas. Foi um choque, especialmente por ter acontecido próximo da morte de meu pai, que juntos, meu irmão e eu, cuidamos durante os três longos anos de padecimento sem sair da cama. Sei que devo me lembrar das coisas boas que ambos fizeram e foram muitas, mas a amargura que me toma e remete-me ao periodo que acompanhei o sofrimento de meu irmão seja em minha casa ou no Hospital, em razão de um câncer agressivo. Um flash do termo de responsabilidade que tivemos que assinar sobre o perigo de morte durante a última cirurgia, seu olhar de felicidade quando eu chegava para a visita ou quando eu lhe transmitia as mensagens de ânimo e carinho de pessoas queridas, das constantes idas ao pronto socorro, do esforço sobre-humano que ele fez para nos esconder a doença até três meses antes da primeira cirurgia, enfim... De qualquer forma, cá estou eu relatando um pouco do que tenho vivido e reafirmando minha confiança em Deus, gratidão pelo carinho recebido de minha família e amigos verdadeiros, as consultas mensais com meu psiquiatra, a medicação e terapia quinzenal, sem os quais, provavelmente, eu não teria tido apenas um surto desde a descoberta da doença há aproximadamente cinco anos mas outros. Sinto-me momentaneamente triste e desanimada, sei que isso acontecerá de tempos em tempos, mas me mantenha firme e procuro dividir com meus pares um pouco disto. Além dos cuidados com a casa e minha mãe de 93 anos que mora comigo, tenho me concentrado minhas forças nas atividades desenvolvidas com o Projeto Ondulações, idealizado por mim em 2013, um Projeto Literossocial apresentado no III Encontro da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro – ANLPPB, realizado em Maceió – em outubro de 2013, cujos objetivos são: Geral: • Transformar vidas através da arte. Específicos: • Melhorar a qualidade de vida dos assistidos; • Disseminar a poesia e outras formas de arte; • Mostrar a crianças, jovens e adultos de quaisquer classes sociais, clinicamente saudáveis ou não, livres ou presos de alguma forma, a repensarem suas vidas através da poesia e, desta maneira, utilizarem a arte como processo terapêutico. A cada participante será, ainda, sugerido o compartilhamento de sua experiência; • Preparar facilitadores que possam encabeçar o projeto na comunidade já assistida; • Contemplar com bibliotecas comunitárias as comunidades que estiverem aptas. A cada visita nas diversas Insttuições procuro levar um pouco da minha experiência e superação, mas sem dúvida descubro em cada assistido as mais diferentes experiências, provas de superaçõa e exemplos de vida inimagináveis. Não há como não sair de cada local visitado com as forças e vigor renovados. Tais coisas me dão a certeza de que superarei minha dor, ainda que demore um pouco. Um grande abraço a todos, muita paz e equilíbrio. Teresa Azevedo